The Game Awards 2024

Porque você precisa parar de se preocupar com o GOTY

...isso não deveria interferir na opinião e na escolha do jogador, que, no final das contas, só quer se divertir.

Entre o público geral interessado em jogos eletrônicos, existe uma bolha de entusiastas (da qual eu faço parte) que acompanha a indústria mais de perto. Para nós, o início de dezembro é sempre aguardado com ansiedade, pois é quando, geralmente, acontece o The Game Awards, conhecido como o “Oscar dos Videogames”. Atualmente, o evento é considerado o mais importante do ano nesse nicho. Apresentado por Geoff Keighley, ele combina grandes anúncios de lançamentos futuros com a premiação dos melhores jogos do ano em diversas categorias, como trilha sonora, direção, narrativa, design, performance e, é claro, o cobiçado prêmio de Jogo do Ano — o GOTY.

Não é a primeira vez que o evento é alvo de controvérsias entre seu público. Até hoje, muitos se questionam sobre God of War (2018) ter levado a estatueta no lugar de Red Dead Redemption 2, ou sobre Dave The Diver ter concorrido a jogo indie em 2023, mesmo não sendo, de fato, um jogo independente, ou ainda, sobre Elden Ring – Shadow of the Erdtree ter sido indicado ao GOTY 2024, sendo uma DLC. Em 12 de dezembro de 2024, uma nova polêmica tomou conta dos fóruns e redes sociais: Astro Bot mereceu o GOTY no lugar de seus concorrentes, como o aclamado Black Myth: Wukong?

Astro Bot superou títulos de peso, como Elden Ring: Shadow of Erdtree e Black Myth: Wukong, e se tornou o GOTY 2024.

Todo esse alvoroço me fez refletir sobre nossa relação com os videogames. A criança noventista que ainda vive em mim sentiu saudade de uma época em que videogames eram, acima de tudo, diversão. Descobrir um jogo novo — fosse alugando, comprando ou pegando emprestado com um amigo da escola — era sempre uma experiência mágica. Hoje, parece que, se um jogo não alcança uma nota acima de 90 no Metacritic ou não é indicado a Jogo do Ano, ele automaticamente deixa de ser considerado de qualidade. Claro, muitos jogos realmente não são bons, mas não dá para generalizar, não é mesmo?

Nem tudo é bom para todo mundo

Como o The Game Awards é frequentemente comparado ao Oscar, vale a pena refletir sobre alguns exemplos do cinema e traçar um paralelo com os jogos. Apesar de Oppenheimer ter vencido o prêmio de Melhor Filme em 2023, ficou apenas em terceiro lugar na bilheteira, atrás de Barbie e Super Mario Bros. O Filme, que sequer foi indicado. Isso reforça para mim que nem tudo é universalmente bom ou agrada a todos, e me faz lembrar de uma frase dita por Érico Borgo, fundador do Omelete: “Não existe filme ruim; todo filme é bom para alguém.”

Por isso, acredito que a busca pelo GOTY deveria ser algo pessoal, e não determinada por uma mídia de “especialistas” cuja imparcialidade é, muitas vezes, questionável. Entendo a importância do evento para a indústria — ele influencia o valor de mercado das empresas, as vendas e as tendências —, mas isso não deveria interferir na opinião e na escolha do jogador, que, no final das contas, só quer se divertir.

Super Mario Bros. O Filme, certamente foi o preferido de muitos em 2023, sem ao menos ser indicado ao Oscar.

O meu GOTY é…..

Nosso tempo livre é muito limitado devido às responsabilidades com família, trabalho e estudos. Seria injusto gastá-lo com base no que os outros acham que é melhor para nós, em vez de focarmos no que realmente queremos. Por isso, acredito que a melhor maneira de aproveitar videogames é… jogando. Sim, jogando aquilo que você tiver vontade, independentemente da opinião de terceiros ou do site XPTO.gg, e, se um jogo não lhe agradar, simplesmente passe para o próximo.

Ao final do ano, reflita sobre o que jogou e defina o seu próprio GOTY. Será, sem dúvida, aquele que mais marcou e emocionou você — que ficará na sua memória por muitos e muitos anos.

Por exemplo, para mim, o GOTY de 2024 foi Cyberpunk 2077. Embora, até o momento desta publicação, eu ainda não tenha concluído a DLC The Phantom Liberty, este foi o jogo que mais me impactou pela sua narrativa complexa e também por ser um exemplo de redenção, por ter conseguido reconquistar seu público ao longo do tempo de uma forma exemplar e primorosa.

Night City, em Cyberpunk 2077.

Jogar videogame de forma desapegada do autoritarismo opinativo das massas e dos meios de comunicação “especializados” é, sem dúvida, libertador. Por exemplo, jamais teria conhecido a riqueza narrativa de Ninja Gaiden (NES) este ano, quando o joguei pela primeira vez, se tivesse me limitado a jogar apenas títulos AAA no lançamento — jogos caríssimos, extenuantes e, muitas vezes, superficiais. Não jogar os lançamentos não me faz inferior, mas poder escolher o que jogar foi, para mim, a melhor decisão — e o meu bolso agradece.

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