META é onde você mira. FOCO é o que você vê. ROTINA é o que você faz. PROPÓSITO é o que você sente. Se todos estiverem alinhados, você vence.
Ucla é um criador de conteúdo brasileiro, com foco em um jogo de computador chamado League of Legends (LoL). Seu canal, “Canal do Ucla“, está no YouTube há 11 anos e possui atualmente 409 mil inscritos. Trata-se de um conteúdo tão nichado que eu, apesar de amar videogames, não o conhecia, pois não jogo LoL.
No final de 2024, Ucla furou sua bolha com um vídeo em que revela os ganhos de seu canal, onde ele afirma não valer mais a pena ser criador de conteúdo. Até influenciadores fitness reagiram ao vídeo, que gerou muitas opiniões controversas entre os criadores. Muitos deles consideram que criar conteúdo hoje no Brasil é uma excelente profissão e fonte de renda, se comparada à precariedade que temos em várias esferas do trabalho formal regido pela CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas.
Percebo no tom de voz do Ucla um ligeiro cansaço e desmotivação. Como criador de conteúdo há cinco anos, sei como ele está se sentindo. O vídeo dele me fez refletir sobre a minha vida, minha saúde e se vale a pena continuar insistindo em algo sem um retorno factível. A resposta é sim, e eu explico o porquê.
Qual o seu propósito?
A palavra “propósito” tem origem no latim propositum, que significa “colocado à frente” ou “algo que se pretende alcançar”. É derivada de proponere, que combina “pro” (à frente) e “ponere” (colocar). Assim, propósito refere-se a um objetivo, intenção ou razão que motiva as ações de uma pessoa ou organização. Ter um propósito implica saber o que se quer atingir e agir com foco e determinação para alcançá-lo.
Todos nós, desde quando adquirimos consciência, buscamos, direta ou indiretamente, a felicidade. E, na minha opinião, a felicidade existe quando você está alinhado aos seus propósitos. No entanto, em uma sociedade imediatista, viciada em dopamina e conforto, propósito é uma palavra pouco vista no vocabulário das pessoas.
O propósito é aquilo que te faz acordar todos os dias. Pode ser o seu filho, sua família e, em grande maioria dos casos, é. Mas convido você a refletir e buscar propósitos além desses, que podem agregar ainda mais motivação e ambição no seu dia a dia: uma pós-graduação internacional? Conhecer a Europa? Tornar-se referência em sua área de atuação?
Entre meus 30 e quase 40 anos, a cada dia fui ficando mais incomodado em não ter um propósito bem definido. Para mim, até há pouco tempo, trabalhava-se somente para se ter dinheiro, independentemente de o trabalho fazer sentido ou não para si. Não tinha expectativas relevantes na vida e sempre fui adepto de ficar na zona de conforto.

Naturalmente, com o passar dos anos, foram surgindo necessidades de realizar coisas. Há cerca de dez anos, tenho o desejo de manter um blog e, em 2020, dois meses antes da pandemia, fiz minha primeira live de games na Twitch.
Em 2020 e 2021, sacrifiquei muito pela criação de conteúdo: saúde, sono, família e, principalmente, tempo. No final de 2021, desisti de tudo. Voltei em 2023, desisti novamente e comecei novos projetos em 2024, agora alinhados com a premissa de que jamais deverão ser a prioridade da minha vida. Ainda assim, eles mantêm sua relevância ao longo dos dias.
Poder falar de games e criar até mesmo uma base de dados sobre eles é algo ambicioso e grandioso. No ritmo que estou, dificilmente conseguirei cobrir um console inteiro antes de chegar à minha aposentadoria. Isso me aflige bastante e me coloca em xeque a todo momento: “vale mesmo a pena?”, “você vai dar conta?”, “não seria melhor investir esse tempo em outras coisas?”. No entanto, pelo menos por enquanto, cá estou, apenas seguindo da forma que posso, da melhor maneira possível.
Desta forma, pelo menos para mim, hoje criar conteúdo vale muito a pena, pois coloquei o Arquivando Jogos como um propósito de vida. É uma singela homenagem aos videogames, que tanto me ajudaram e ajudam até hoje. Mas ele tem o seu lugar e sua hierarquia entre tantas coisas que permeiam a minha vida, como meu trabalho formal, minha saúde e minha família.
Monetização é consequência
Adoraria ver o Arquivando Jogos monetizado. Poder me dedicar integralmente a essa missão seria algo mágico. No entanto, busco não pensar no assunto e estar focado neste momento em criar uma base sólida para o projeto na internet. Por ora, cabe a mim dedicar-me a entregar um ótimo trabalho no meu emprego formal, que inclusive é o responsável por bancar todo esse sonho, além de estudar e evoluir como ser humano e profissional.
Ademais, a criação de conteúdo me proporcionou, nesses cinco anos, um enorme aprendizado em várias áreas, além de conexões com uma comunidade apaixonada. Por isso, entendo que não existe fracasso nessa profissão. Ou se ganha dinheiro ou aprendizado, ou os dois, o que seria o melhor dos dois mundos.
Portanto, vamos seguindo, como diz Mario Sergio Cortella, “fazendo o nosso melhor, na condição que temos, enquanto não temos condições melhores para fazer melhor ainda”.
Já que você chegou até o final deste texto, convido-o a ver um pouco mais sobre este assunto no nosso vídeo do YouTube. Aproveite para refletir: qual é o seu propósito de vida? E para 2025?